A Suprema Corte da Argentina manteve por unanimidade nesta terça-feira (10) a condenação por corrupção da ex-presidente Cristina Kirchner (2007-2015) a seis anos de prisão e inabilitação perpétua para ocupar cargos públicos.
A decisão é em última instância, mas ainda não se sabe como Kirchner cumprirá a pena. Como a ex-presidente tem mais de 70 anos (sua idade é 72 anos), sua defesa poderá solicitar prisão domiciliar.
Em maio, o procurador-geral Eduardo Casal havia solicitado à Suprema Corte que aumentasse a pena de Kirchner para 12 anos de prisão, acrescentando a condenação por associação ilícita, negada por tribunais inferiores, mas os três juízes do Supremo não atenderam ao pedido.
No final de 2022, Kirchner havia sido condenada por um tribunal argentino pelo chamado caso Vialidad, devido a um esquema de desvios de recursos de obras públicas na província de Santa Cruz, berço político do kirchnerismo.
Em novembro do ano passado, a Câmara Federal de Cassação ratificou a sentença. Agora, o caso foi analisado em última instância pela Suprema Corte argentina.
A decisão ocorre poucos dias após Kirchner anunciar que seria candidata a deputada provincial pelo terceiro distrito eleitoral da província de Buenos Aires nas eleições de 7 de setembro – candidatura que agora, pela pena de inabilitação para ocupar cargos públicos, fica inviabilizada.
Segundo informações do jornal Clarín, na segunda-feira (9), Kirchner se reuniu com prefeitos, parlamentares, sindicalistas e o governador da província de Buenos Aires, Axel Kicillof, na sede do peronista Partido Justicialista (PJ), em Buenos Aires, e definiu uma estratégia de mobilização caso sua condenação fosse mantida pela Suprema Corte.
Os peronistas se comprometeram a realizar diversas ações de protesto, como bloqueios de vias públicas, greves e uma marcha nacional.
“Algumas pessoas acham que podem nos humilhar e derrotar, mas às vezes, quando algumas pessoas andam pelas ruas, livres, como aqueles que fizeram mega-swaps [com a China], colocando o país em dívida com o FMI duas vezes, estar preso é um sinal de dignidade”, disse Kirchner, em referência ao ex-presidente Mauricio Macri (2015-2019) e ao atual mandatário, Javier Milei.
De acordo com o La Nacion, antes mesmo do anúncio da Suprema Corte, apoiadores de Kirchner já estavam promovendo bloqueios de rodovias nesta terça-feira, como na Panamericana, em frente à fábrica da Ford, na Grande Buenos Aires.