Os Estados Unidos vetaram sozinhos, nesta quarta-feira (4), uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que exigia cessar-fogo imediato, libertação de reféns e permissão para entrada de ajuda humanitária em larga escala na Faixa de Gaza. O texto foi apresentado pelos dez membros não permanentes do Conselho e recebeu apoio dos outros 14 membros, inclusive França e Reino Unido.
Esta é a sexta vez, desde o início da guerra em 7 de outubro de 2023, que Washington barra resoluções desse tipo. Durante as negociações, a proposta foi enxugada para chegar a um consenso, mas a representante americana Dorothy Shea justificou o veto afirmando que a resolução “não condena o Hamas” e “estabelece uma falsa equivalência entre Israel e o grupo terrorista”.
“É inexplicável que muitos membros deste Conselho ainda se recusem a reconhecer que o Hamas poderia pôr fim a este conflito amanhã se se rendesse e abandonasse suas armas”, declarou Shea. “Os Estados Unidos não apoiarão nenhuma medida que não exija o desarmamento do Hamas e sua saída de Gaza.”
Shea ainda criticou o fato de a ONU não classificar oficialmente o Hamas como organização terrorista e recomendou que países doem ajuda à população de Gaza por meio de uma fundação criada por Israel, à margem da própria ONU.
A decisão americana foi duramente criticada por outros membros do Conselho. A embaixadora britânica, Barbara Woodward, chamou de “desumano” o ataque de soldados israelenses a supostos civis palestinos que aguardavam ajuda. O representante do Paquistão, Asim Iftikhar Ahmad, afirmou que o bloqueio americano levou ao “colapso da humanidade” em Gaza.
“O mundo inteiro aguardava por ação, mas mais uma vez este Conselho foi paralisado pelo veto de um único membro”, concluiu Ahmad, ecoando a frustração da maioria internacional diante do bloqueio dos EUA a qualquer avanço pelo cessar-fogo em Gaza.