O governo da Romênia voltou a denunciar neste domingo (19) sinais de interferência russa no processo eleitoral, durante a realização do segundo turno das eleições presidenciais, marcado por alta participação popular e forte polarização entre o nacionalista George Simion e o candidato pró-Europa, Nicusor Dan.
A denúncia foi feita pelo porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Andrei Ţarnea, que publicou na rede social X: “Mais uma vez são visíveis sinais de interferência russa”. Segundo o governo, uma campanha de desinformação estaria circulando em plataformas como o Telegram, com o objetivo de influenciar diretamente a votação, que se encerrou às 21h no horário local (15h de Brasília).
O alerta do governo ocorre menos de um ano após as eleições presidenciais de novembro de 2023 terem sido anuladas por interferência estrangeira. Na ocasião, as autoridades concluíram que a Rússia havia atuado para favorecer Calin Georgescu, candidato de extrema-direita e alinhado ao Kremlin, que havia vencido o primeiro turno.
Neste novo pleito, George Simion, líder do partido Aliança para a União dos Romenos (AUR), desponta como favorito com uma campanha marcada por retórica nacionalista, crítica à elite política tradicional e forte presença entre jovens, eleitores do interior e camadas menos escolarizadas. Já Nicusor Dan, independente e apoiado por líderes europeus como Emmanuel Macron, tem apoio concentrado nas áreas urbanas e entre liberais.
A participação eleitoral alcançou 63,5% às 20h20, superando em 10 pontos percentuais o comparecimento do primeiro turno, realizado em 4 de maio. O resultado deve ser apertado.
Acusações de fraude e ausência de provas
Desde sexta-feira (16), o partido de George Simion vem levantando suspeitas sobre supostas fraudes eleitorais, com foco na votação no exterior, onde a participação aumentou em 50%, segundo dados oficiais. Neste domingo (18), novas acusações foram feitas, envolvendo compra de votos, transporte irregular de eleitores e adulteração de cédulas.
Apesar da gravidade das alegações, até o momento o AUR não apresentou provas concretas. O Ministério do Interior da Romênia declarou que o dia transcorreu sem incidentes relevantes ou comprometedores para a integridade do processo.
A eleição ocorre em um contexto político sensível, com presidência e governo interinos e grande desconfiança popular nas instituições. A crescente polarização entre os campos nacionalista e pró-União Europeia tem marcado a disputa, ampliando o debate sobre soberania, influência externa e os rumos da Romênia dentro do bloco europeu.