Robert Francis Prevost, de 69 anos – o novo líder da Igreja Católica, que escolheu como nome de pontificado Leão XIV – teve grande proximidade com o papa Francisco, inclusive compartilhando a visão de mundo do pontífice anterior. Foi graças à confiança entre os dois que Francisco decidiu nomear o agora papa Leão XIV como prefeito do chamado Dicastério para os Bispos, em janeiro de 2023.
O escolhido para esse cargo é uma das figuras mais importantes da Cúria Romana, o governo central da Igreja Católica, diretamente ligado ao Papa, e lida com uma responsabilidade ampla: apoiar o papa na seleção dos próximos bispos da Igreja. Robert Prevost ocupou esse cargo até a morte de Francisco em 21 de abril de 2025. Estar à frente do cargo foi essencial para que o novo pontífice ampliasse o relacionamento com outros cardeais, refletindo na expressiva votação que recebeu dos seus pares nesta quinta-feira (8).
O que fazia Robert Francis à frente do seu dicastério?
Os dicastérios são os principais departamentos da Cúria Romana. Eles funcionam como “ministérios de um governo”, com seus “ministros” (os prefeitos dos dicastérios) ajudando o “presidente” (no caso, o papa) a exercer sua missão em questões de doutrina, disciplina, evangelização, caridade, nomeações, entre outras.
À frente de cada um dos 16 dicastérios do Vaticano há um prefeito, ou um pro-prefeito, que é a designação do religioso que comanda um dicastério sem ter sido nomeado cardeal. Esse foi o caso de Robert Prevost durante alguns meses de 2023, ano em que assumiu o órgão do Vaticano.
Especificamente o Dicastério para os Bispos tem a função principal de assessorar o papa na nomeação, supervisão e eventual remoção de bispos no mundo inteiro (exceto em territórios missionários, que são responsabilidade do Dicastério para a Evangelização, e nas Igrejas Orientais, que têm um órgão próprio).
“Esse departamento ajuda o papa a escolher os bispos e preencher as vagas que são abertas quando os bispos das dioceses falecem ou se aposentam. Mas quem escolhe mesmo é o papa. O dicastério ouve o episcopado local, o núncio apostólico no país onde tem diocese vaga e manda as sugestões para o papa escolher”, explica o jornalista Marcio Antonio Campos – colunista da Gazeta do Povo sobre temas que envolvem o catolicismo, e que atualmente está no Vaticano cobrindo o conclave.
Além de orientar o processo de escolha dos bispos, Robert Prevost também atuava supervisionando a atuação pastoral desses religiosos. Isso quer dizer acompanhar a gestão das dioceses, analisando relatórios periódicos enviados a Roma e dialogando com os bispos. Caso surgissem problemas graves, caberia a ele intervir, dando orientações ou sugerindo medidas disciplinares a Francisco.
O perfil do novo papa
O agora papa Leão XIV, nascido em Chicago em 1955, foi missionário no Peru por muitos anos e ocupou o cargo de superior geral dos agostinianos por dois mandatos. Tornou-se bispo de Chiclayo (Peru) em 2015 e, em 2023, finalmente foi nomeado por Francisco ao Dicastério para os Bispos. Ainda naquele ano tornou-se cardeal, o que permitiu participar do conclave que culminou em sua escolha para o posto máximo da Igreja Católica nesta quinta-feira (8).
Prevost é conhecido por seu perfil discreto, capacidade de escuta e alinhamento com as prioridades definidas pelo papa Francisco, como cuidado com o meio ambiente, atenção aos pobres e acolhimento de migrantes. Ele apoiou mudanças pastorais sensíveis, como permitir a comunhão para divorciados recasados civilmente, mas tem postura um pouco mais reservada em relação à pauta LGBT.