Polícia britânica investiga discurso anti-Israel em festival

A polícia do Reino Unido anunciou que está apurando declarações ofensivas feitas por artistas durante o Festival de Glastonbury deste ano, após manifestações explícitas contra Israel em apresentações musicais.
O caso mais polêmico envolveu o rapper Bobby Vylan, da dupla Bob Vylan, que subiu ao palco West Holts no sábado (27) e liderou o público em gritos de “Palestina livre”. Em seguida, incentivou cânticos contra as Forças de Defesa de Israel (FDI): “Tudo bem, mas vocês já ouviram essa? Morte, morte às FDI”, declarou, em vídeo amplamente repercutido nas redes.
A performance foi acompanhada de um telão com a frase: “As Nações Unidas chamaram isso de genocídio. A BBC chama isso de ‘conflito’”, em referência à guerra em Gaza e à forma como o canal público britânico cobre o tema.
A Embaixada de Israel em Londres reagiu com veemência, dizendo estar “profundamente perturbada” com o que chamou de “retórica odiosa” e denunciando o risco de normalização do extremismo: “Cânticos como ‘Morte às FDI’, diante de dezenas de milhares de pessoas, levantam sérias preocupações sobre a glorificação da violência”.
O apelo da missão diplomática incluiu uma cobrança direta aos organizadores do festival, artistas e autoridades britânicas para que condenem publicamente os ataques verbais e rejeitem qualquer forma de incitação ao ódio.
A organização do festival declarou-se “horrorizada” com o episódio e afirmou que as falas “ultrapassaram os limites”, reiterando que “não há espaço para antissemitismo, discurso de ódio ou incitação à violência” em Glastonbury.
Outro ponto de tensão envolveu a banda irlandesa Kneecap. O vocalista Liam O’Hanna, conhecido como Mo Chara, está sendo investigado por supostamente exibir uma bandeira do Hezbollah — grupo classificado como organização terrorista no Reino Unido — durante show em Londres, em novembro de 2024. Ele nega as acusações. Apesar do histórico, o grupo se apresentou normalmente.
A polícia de Somerset, local onde o festival é realizado na Inglaterra, afirmou estar analisando vídeos das apresentações para verificar se algum crime foi cometido. O secretário de saúde britânico, Wes Streeting, classificou o episódio como “terrível” em entrevista à Sky News e disse que tanto a BBC quanto os organizadores do evento precisam dar explicações.
A BBC, que transmitiu o show ao vivo, considerou as falas de Vylan “profundamente ofensivas” e informou que não disponibilizará a apresentação em sua plataforma iPlayer.