A morte do prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), nesta quarta-feira, gera grande comoção na classe política. O mandatário faleceu em decorrência de complicações de um câncer, do qual havia se curado no ano passado. Ele deixa a esposa, Mônica Drummond, com quem era casado há 52 anos, além de dois filhos e quatro netos.
Antes de assumir o Executivo, ele foi secretário do ex-governador Aécio Neves (PSDB), que relembrou a trajetória dos dois, ao longo de seus dois mandatos. “Um técnico que com o tempo transformou-se em um homem público completo. com forte sensibilidade social. Um companheiro de trabalho que se transformou em um amigo querido”, disse o tucano. O presidente do PSDB, Marconi Perillo, que esteve com Fuad nas eleições passadas, também abordou o legado deixado por Fuad.
Aliado próximo de Fuad, o ex-presidente do Senado e correligionário Rodrigo Pacheco (PSD) lamentou a perda e destacou sua admiração pelo prefeito. “Ele demonstrou um verdadeiro amor por Belo Horizonte ao não desistir da campanha eleitoral e conquistar a reeleição”, afirmou. O presidente nacional do partido, Gilberto Kassab, disse que o prefeito partiu “cedo demais”, com muitos planos ainda.
Também do PSD, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que a morte do político foi uma grande perda para a capital mineira: “Um homem íntegro, equilibrado, sereno, grande pai de família e, acima de tudo, um exímio gestor”.
No governo federal, o vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), afirmou que os “céus ganham um homem público que deixou um legado respeitável”. O ministro da Casa Civil, Rui Costa e a ministra das Relações Institucionais de Lula (PT), Gleisi Hoffmann, se juntaram à repercussão. “Que Deus o receba e conforte o coração da família, amigos e admiradores”, escreveu Costa em publicação.
O governador Romeu Zema (Novo) elogiou a capacidade de “diálogo” e “respeito” do prefeito. “Sempre à serviço de uma cidade e de um estado mais fortes”, afirmou. O governador do Rio, Cláudio Castro (PL), também destacou o compromisso com a ética do prefeito.
Adversários de Fuad nas eleições — Bruno Engler (PL), Mauro Tramonte (Republicanos), Gabriel Azevedo (MDB), Rogério Correia (PT), Duda Salabert (PDT) e Carlos Viana (Podemos)— lamentaram o falecimento. “Que Deus conforte o coração de todos”, desejou o bolsonarista, que foi ao segundo turno com o prefeito. Já a deputada federal disse estar em luto: “Ele lutou o quanto pôde por sua saúde, sem deixar de lado o trabalho na Prefeitura”. Azevedo, por sua vez, relembrou que os dois fizeram as pazes entre os turnos, em conversa costurada pelo vice, Álvaro Damião (União).
Ao GLOBO, Gabriel Azevedo contou que prometeu ao prefeito que todos os projetos da prefeitura seriam analisados no plenário da Câmara Municipal, à época presidida por ele.
Zema declarou luto de três dias no estado, assim como a Assembleia Legislativa de Minas Gerais, que fez um minuto de silêncio pelo prefeito. A prefeitura adotou a medida por oito dias.
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), também prestou condolências à família e aos belo-horizontinos. “Fuad foi um servidor público de carreira notável, com mais de 50 anos de serviço”, ressaltou. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), por sua vez, caracterizou a gestão de BH como “responsável” e expressou solidariedade em nome do Congresso Nacional.
Fora da política, seu clube de coração, o Atlético Mineiro, emitiu nota elogiando a atuação do prefeito durante a inauguração da Arena MRV, a casa do Galo.
Fuad Noman estava internado no Hospital Mater Dei, em Belo Horizonte, desde o dia 3 de janeiro, após apresentar um quadro grave de insuficiência respiratória. Durante quase três meses de internação, chegou a deixar a UTI e passar períodos sem ventilação mecânica. No entanto, na noite desta terça-feira, sofreu uma parada cardiorrespiratória e não resistiu.
Desde que foi eleito, esta foi sua quarta hospitalização. O prefeito enfrentou quadros de pneumonia, neuropatia, sinusite e diarreia, que exigiram internações breves devido à sua condição de saúde frágil.
Dois dias antes de ser internado pela última vez, Fuad tomou posse remotamente como prefeito de Belo Horizonte, já que não pôde comparecer presencialmente à cerimônia por recomendação médica. Em mensagem lida pelo vice-prefeito Álvaro Damião (União), ele agradeceu aos médicos pelo tratamento do câncer e demonstrou otimismo para o novo mandato. Essa foi sua última aparição pública.
Reeleito em outubro de 2024, Fuad enfrentou a campanha em meio a um tratamento contra um linfoma abdominal, um tipo de câncer sanguíneo. Pouco antes das eleições, anunciou que o tumor estava em remissão total.