O fotógrafo da AFP Yasin Akgül, de 35 anos, e os outros sete jornalistas turcos foram detidos na madrugada de segunda-feira em suas residências, acusados de participação nos protestos proibidos pelo governo. As detenções provocaram reações internacionais de desaprovação, com o Escritório de Direitos Humanos da ONU classificando a situação como “preocupante”, apelando por garantias de “segurança e direitos” dos profissionais da imprensa.
Entre o o grupo que será libertado também estão o fotógrafo Bülent Kiliç, ex-funcionário da AFP, e um jornalista de Izmir, terceira maior cidade do país, onde dois jornalistas continuam detidos, segundo a associação turca de defesa dos direitos humanos MLSA. A libertação dos jornalistas detidos em Istambul acontecerá nas próximas horas, segundo os advogados.
A ONG Repórteres sem Fronteiras (RSF) expressou “alívio” com o anúncio da libertação dos jornalistas e exigiu a liberação dos outros dois que continuam sob custódia das autoridades de Izmir.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2025/C/j/OnrkBwRPaofdkvwy5edQ/110476984-an-undated-photo-shows-agence-france-presses-turkish-photographer-yasin-akgul-at-the-mode.jpg)
Em paralelo, um jornalista da BBC foi expulso da Turquia, acusado pelas autoridades de representar uma “ameaça para a ordem pública”, anunciou a rede pública britânica nesta quinta-feira.
“Esta manhã (27 de março), as autoridades turcas deportaram o correspondente da BBC News, Mark Lowen, de Istambul, depois de levá-lo ao seu hotel no dia anterior e prendê-lo durante 17 horas”, indicou a BBC em um comunicado. “Disseram a ele que o expulsavam porque ele ‘é uma ameaça para a ordem pública'”, afirmou a rede.
Manifestações e repressão
As autoridades turcas, que proibiram as concentrações em várias cidades do país, anunciaram a detenção de mais de 1,4 mil manifestantes desde o início dos protestos, os mais importantes na Turquia desde 2013.
— Não podemos deixar esta pátria divina entregue ao terror das ruas — disse Erdogan na terça-feira à noite.
Isso não foi suficiente para parar as manifestações. Na noite de terça-feira, pelo sétimo dia consecutivo, dezenas de milhares de pessoas carregando bandeiras turcas e faixas com slogans contra o governo marcharam em direção à Prefeitura de Istambul, convocadas pela oposição.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2025/z/y/BmTWh8QqACBTBftM8Lmw/afp-20250320-379y8g2-v1-preview-turkeypoliticsarrestcpheducation.jpg)
Özgür Özel, líder do Partido Republicano do Povo (CHP, social-democrata), sigla de Imamoglu e principal partido da oposição, anunciou que deixaria de convocar manifestações noturnas em frente à Prefeitura. Em vez disso, pediu que as pessoas se reunissem em Istambul no sábado, apesar das proibições em vigor desde a semana passada naquele município; na capital, Ancara, e em Izmir, a terceira maior cidade do país.
— Há algo que o senhor Tayyip [Erdogan] deveria saber, nosso número não está diminuindo com prisões e encarceramentos: ele está aumentando! — disse Özel.
Na terça-feira, milhares de estudantes protestaram em Ancara e Istambul, com muitos moradores aplaudindo enquanto passavam, alguns batendo panelas e frigideiras nas janelas ou nas portas de suas casas.
Acusação contra o banco central
O principal partido de oposição também acusou o banco central turco de fornecer cobertura ao governo ao ajudar a gerenciar as consequências financeiras da prisão do prefeito de Istambul. A autoridade monetária aprovou a venda de aproximadamente US$ 25 bilhões em moeda estrangeira depois da prisão de Imamoglu, ajudando a sustentar a lira, que havia caído para um recorde histórico.
O vice-presidente do CHP, Yalcin Karatepe, disse que a medida foi realizada “de forma opaca, sem supervisão parlamentar”, e que o banco central havia funcionado “como um amortecedor de liquidez para o risco político”.
De acordo com as leis turcas, o banco central goza de autonomia absoluta. A instituição tem o poder de intervir em tempos de crise, embora seja obrigada a divulgar os dados de intervenção direta em seu site. No entanto, se forem usados credores estatais, essas intervenções não são anunciadas, um método já empregado em anos recentes. (Com AFP e Bloomberg)