O Brasil registrou um déficit de US$ 8,8 bilhões em transações correntes no balanço de pagamentos em fevereiro de 2025, mais do que o dobro do registrado no mesmo mês de 2024, quando o saldo negativo foi de US$ 3,9 bilhões. A piora foi impulsionada pela queda do superávit comercial e pelo aumento das importações.
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No acumulado entre janeiro e fevereiro, as contas externas registraram um déficit de US$ 17,31 bilhões, em comparação com US$ 8,31 bilhões no mesmo período do ano passado — o rombo, dessa forma, mais que dobrou no priemeiro bimestre.
O dado foi divulgado no relatório “Estatísticas do setor externo” nesta quarta-feira pelo Banco Central, que calcula mensalmente estas movimentações financeiras.
A balança comercial, que mede a diferença entre exportações e importações, registrou um prejuízo de US$ 979 milhões em fevereiro. Em fevereiro do ano passado, o Brasil havia tido um superávit de US$ 4,4 bilhões. O motivo dessa piora foi o aumento das importações em 25,7%, totalizando US$ 24,1 bilhões, enquanto as exportações caíram 1,8%, chegando a US$ 23,2 bilhões. Um fator importante foi a compra de uma plataforma de petróleo no valor de US$ 2,7 bilhões.
Além disso, o país também gastou mais com serviços contratados do exterior, como transporte (+35,6%), telecomunicação e computação (+42,2%) e aluguel de equipamentos (+20,4%). Os brasileiros também gastaram mais em viagens internacionais, com um aumento de 9,1% nesses gastos.
De acordo com o Banco Central, apesar desses aumentos, houve uma boa notícia: o Brasil recebeu mais dinheiro de investidores estrangeiros. O investimento direto no país foi de US$ 9,3 bilhões, muito acima dos US$ 5,3 bilhões registrados em fevereiro de 2024.
Outro ponto positivo foi o aumento das reservas internacionais, que subiram para US$ 332,5 bilhões. Isso significa que o país tem um bom nível de recursos guardados para se proteger de crises externas.
Mesmo assim, o déficit acumulado nos últimos 12 meses atingiu US$ 72,459 bilhões, 3,38% do PIB.
As transações correntes consideram três dados:
- A balança comercial de produtos entre o Brasil e outros países, isto é, as exportações e importações;
- A balança de serviços das contas externas. É considerado, sobretudo, as compras de brasileiros no exterior, incluindo gastos com importações de serviços financeiros, fretes e aluguel de equipamentos e até gastos de turismo;
- A renda primária é o terceiro dado e trata das remessas de dinheiro e pagamentos (lucros, juros e dividendos) que as empresas multinacionais, com filial no Brasil, enviam para o exterior. Nesse cálculo, também estão as remessas que empresas brasileiras recebem do exterior.