“Bruna Marquezine!

“Bruna Marquezine!

“Bruna Marquezine!”

Esse foi o coro com que a torcida do Corinthians, que bateu recorde na Neo Química Arena, recebeu Neymar.

Valia tudo para tirar a concentração do midiático jogador que fazia seu primeiro clássico, depois de 12 anos longe do futebol brasileiro.

Na sua terceira partida seguida, ele correu, lutou, deu alguns dribles. Tentou lançamentos. Mas foi muito bem marcado, principalmente, por Martínez.

Ramón Díaz foi muito inteligente e trocou Cacá por Thoca, muito mais veloz, na zaga. E fez Matheuzinho ficar muito atento a Guilherme.

Neymar ficou sem sua melhor opção de passes, tabelas e infiltrações.

Nos 62 minutos que ficou em campo, deu dois chutes a gol, quatro dribles certos, tomou quatro faltas. Provocou amarelos para Raniele e Ryan.

Foi privilegiado taticamente. Atuou sem obrigação de recompor, ajudar na defesa.

Caiu com o time, quando Yuri Alberto marcou o primeiro gol, logo aos 16 minutos de jogo.

O Corinthians ganhou mais confiança. Garro e Memphis faziam ótima partida. Flutuavam à frente da zaga santista, atrapalhando todo o plano defensivo organizado por Pedro Caixinha.

O Santos que começou a partida de forma surpreendente, marcando a saída de bola, extremamente ofensivo, arrefeceu.

E tudo ficaria ainda pior depois do mais lindo gol coletivo deste Campeonato Paulista.

Garro levantou a bola para Memphis ajeitar no peito e, na saída desesperada de Brazão, o holandês deu um simples toque para Yuri Alberto marcar 2 a 0, aos 43 minutos.

Todo estádio acreditou que a partida estava acabada.

Neymar mostrava cansaço no segundo tempo. Ramón Díaz nitidamente preencheu mais as intermediárias, para garantir a vitória.

O mais talentoso jogador do Santos saiu aos 21 minutos, trocado por Soteldo. E o time descontou o placar. Guilherme, sempre ele, cabeceou à frente de André Ramalho. 2 a 1.

O jogo ganhou um pouco a mais de emoção.

Mas Ramón Díaz soube como colocar taticamente seu time para segurar a vitória. E disparar na liderança isolada do Paulista.

O argentino era pura empolgação após o confronto.

“Fizemos uma grande partida, jogamos contra um adversário que tem um grande treinador, tem Neymar, que dá muito prazer vê-lo, é um jogador que não se vê habitualmente. Há que se desfrutar uma partida dessa característica, ainda mais um clássico.

“Queríamos demonstrar nossa forma de jogar, nossa atitude, e me parece que o time fez isso bem, sabendo que num clássico o adversário te ataca, porque tem qualidade, jogadores com experiência.”

Pedro Caixinha, que já enfrenta críticas na Vila Belmiro, tentou aliviar a derrota santista e o fato de seu time não está nem na zona de classificação no Paulista.

Ele exagerou, de propósito. Foi uma atitude de defesa.

“Acho que o jogo que fizemos é dentro do que queremos fazer e dos nossos comportamentos. Acho que fomos penalizados com os gols em erros individuais. Foram duas perdas de bola que também não podem acontecer.

“É um todo e fomos penalizados aós termos feito 20 minutos fantásticos. Tivemos alma grande para voltar ao segundo tempo em busca do gol. A equipe lutou e acreditou até o fim. Foi o melhor jogo que fizemos desde que cheguei e essa imagem que terá do Santos. Uma equipe competitiva, que luta. Vai ganhar, vai perder, mas vai sempre lutar até o fim. Essa imagem que queremos e nossa ideia de jogo.”

Neymar, que foi muito vaiado em Itaquera, tratou de tentar minimizar mais esse resultado ruim. Desde que ele voltou, o time empatou com o Botafogo de Ribeirão Preto e Novorizontino.

E ontem a derrota merecida.

O jogador de 33 anos encontrou uma culpada pelo fracasso em Itaquera.

“Com todo o respeito à Penalty, que é a patrocinadora da bola, acho que eles têm que melhorar um pouquinho mais essa bola aí.

“Outro dia o Filipe Luís [técnico do Flamengo] falou, e eu concordo com ele.

“Acho que essa bola é muito ruim e que tem que melhorar um pouco mais para ajudar o nosso campeonato também.”

Memphis, que completa 31 anos hoje, fez questão de comemorar o triunfo sobre o Santos. Foi a primeira vez que jogou com a 10, que ‘tomou de Garro’.

“Feliz com a vitória. Penso que criamos algumas chances no começo, que foi difícil para a gente se achar no jogo. No fim achei bem, a atmosfera foi incrível, eu me sinto em casa aqui. Claro que temos que melhorar, especialmente quando temos a bola.

“Temos que achar algo no nosso do DNA para jogar um jogo mais posicional, nos entender mais, o time se envolver. Ganhamos bastante jogos, tivemos uma arrancada, e estou feliz aqui.

“Claro que jogar agora com o número 10 é um prazer, algo que sonhava em uma importante temporada. Com o apoio, o caráter que temos aqui, vamos seguir treinando bem para seguir melhorando, isso é o mais importante. Queremos ganhar títulos.”

Yuri Alberto, que roubou a cena do clássico, com dois gols, estava empolgado. Por ter alcançado 100 gols na carreira. Só com 23 anos.

“A marca de 100 gols como profissional é importante. Tenho que agradecer a todos que me ajudam no clube, a minha família também. O grupo tem alcançado grandes coisas, no fim do ano passado subimos a régua e não pode ser diferente. Hoje a gente viu como grande final, mesmo classificados. A responsabilidade é grande. É continuar, sábado tem grande desafio e seguir trabalhando para ter mais três pontos.”

O Santos enfrentará o Água Santa e o Noroeste em casa. Mas a Inter de Limeira, fora.

Precisa das vitórias.

Neymar será reavaliado hoje, para saber se jogará ou será poupado do jogo de domingo à noite.

Já o Corinthians, disparado na primeira colocação no Paulista, terá a Portuguesa e o Guarani.

A preocupação de Ramón Díaz é ter seu time pronto para a estreia na Libertadores, quarta-feira, na Venezuela, contra o Universidad Central.

Seu time irá mais confiante.

Venceu o Santos de Neymar, como doping psicológico…